quinta-feira, 19 de maio de 2011

Desflorestação da Amazónia Dispara


O Governo brasileiro está em alerta e já montou um gabinete de crise perante dados que indicam uma subida exponencial na desflorestação da Amazónia nos últimos dois meses.

Uma análise preliminar do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) revela que 593 quilómetros quadrados de floresta foram arrasados em Março e Abril. A maior parte da desflorestação, 477 quilómetros quadrados, ocorreu no estado do Mato Grosso.

Este número é bastante inferior aos piores anos de desflorestação na Amazónia. Em 2004, no Mato Grosso foram cortados 12 mil quilómetros quadrados de floresta – mais de duas vezes a área do Algarve. Os números têm vindo a cair e no último ano, naquele estado, a área afectada foi de 800 quilómetros quadrados. Agora, porém, em apenas dois meses atingiu-se metade do valor de um ano.

Os dados actuais são ainda preliminares, captados por uma rede de monitorização rápida do INPE, com base em imagens de satélite com uma definição menos detalhada. Além disso, referem-se a uma fracção minoritária da Amazónia, dado que na maior parte da superfície florestal as nuvens impediram a obtenção de imagens suficientes.

Ainda assim, os números lançaram o alerta no seio do Governo brasileiro. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, considerou a situação inaceitável e lançou uma operação para combater o corte ilegal da floresta. “Colocamos mais 500 homens no Mato Grosso e vamos sufocar o crime ambiental. E, até que o desmatamento seja reduzido, ninguém sai do campo”, disse ontem, na apresentação dos dados do INPE. “Quem estiver apostando no desmatamento para abrir novos pastos, vai ter o boi apreendido e doado para o Programa Fome Zero”, acrescentou, citada num comunicado do Ministério do Meio Ambiente.

“Ainda não sabemos o que está acontecendo. Estamos avaliando a situação. Nos próximos 15 dias estaremos divulgando uma avaliação final, após o contacto com as equipas do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente] e dos estados'', disse ainda Izabella Teixeira.

A iminente aprovação do novo Código Florestal, porém, tem sido apontada como uma das razões para uma corrida ao abate de árvores. O novo código fixa novas normas para as chamadas “áreas de preservação permanente” – equivalentes à Rede Ecológica Nacional em Portugal – e para as reservas legais de floresta que todas as propriedades têm de manter. Prevê, ainda, uma amnistia a certos cortes ilegais feitos no passado.

Depois de meses de polémica, o Código Florestal será votado na Câmara dos Deputados na próxima quarta-feira, dia 4.

Os números da desflorestação na Amazónia têm vindo a diminuir nos últimos anos. Depois de um pico de 27 mil quilómetros quadrados em 2003-2004, o mais recente valor ficou-se pelos 6,5 mil quilómetros quadrados em 2009-2010 - o menor desde que há monitorização regular da situação.

As principais causas da desflorestação são: o abate de árvores, chuvas ácidas, crescimento urbano, incêndios, agricultura e pecuária. Já as principais consequências são: diminuição de oxigénio, erosão do solo, alterações climáticas, inundações, perda de biodiversidade.

Sem comentários:

Enviar um comentário