sábado, 21 de maio de 2011

Hans Jonas e a nova responsabilidade


Hans Jonas foi um filósofo alemão que nasceu em 1903. 
Foi professor em Jerusalém, Canadá, Nova York e Munique e faleceu em 1993.
 À sua obra Das Prinzip Verantwortung (Princípio da Responsabilidade) foi atribuído o papel de catalisador do movimento ambiental na Alemanha.
Hans Jonas fala na sua obra sobre o vazio ético do pensamento ecológico – entende-se por Ecologia a ciência que estuda os ecossistemas, ou seja, é o estudo científico da distribuição e abundância dos seres vivos e das interacções que determinam a sua distribuição. As interacções podem ser entre seres vivos e/ou com o meio ambiente. Devido ao avanço das tecnologias diz este autor que a contemplação da natureza deu origem ao seu domínio e torna-se necessário encontrar limites para esse domínio, sendo o novo imperativo categórico “Aprende a moderar-te”. A exigência de moderação passou a existir devido à consciência de finitude da natureza perante o poder do Homem produzido pelo avanço das ciências e tecnologias.
Hans Jonas introduz no conceito de responsabilidade um dever ligado ao futuro (Zukunftsethik). Para este autor a possibilidade de destruição do Homem obriga a que cada um se determine por certos comportamentos para a preservação.  Diz Jonas que “o ser do Homem não se esgota na finitude da existência de cada um”, pois transporta uma herança da qual faz parte integrante, e que a preservação do ser se deve traduzir na decisão colectiva.
Comparando com a ética tradicional de Kant que era fundada numa óptica de direitos e obrigações – reciprocidade - à nova ética de Hans Jonas falta essa reciprocidade, pois procura apenas garantir uma “ideia de Homem” que se deve preservar.
O imperativo ético muda: “age de modo a que os efeitos da tua acção sejam compatíveis com uma vida autenticamente humana na Terra” (handle so, dass die Wirkungen deiner Handlung verträglich sind mit der Permanenz echten menschlichen Leben auf Erden).
A ética de Kant era dirigida à acção individual, enquanto a ética de Hans Jonas é uma ética de acções individuais integradas colectivamente, pois tem ínsita uma dinâmica de expansão universal, projectando-se assim também no Estado e nas políticas públicas que este promove. Cada acção tem de ser pensada para o longo prazo que contém a sua irreversibilidade e que pode implicar a ausência de conhecimentos sobre a evolução futura dessas acções.
Regressando a Kant cuja ética estava desde logo circunscrita espacial e temporalmente, na ética de Hans Jonas a acção não se limita no espaço, sendo “quase cósmica” e sendo uma ética de futuro. A descoberta da vulnerabilidade da Natureza perante a acção humana trouxe consigo uma nova representação do ser humano e a consequente transformação do seu agir, começando pela consciência da imprevisibilidade das suas acções, pois os efeitos cumulativos das acções tecnológicas são em parte desconhecidos.
Há assim o reconhecimento da ignorância como pedra angular desta nova ética – a avaliação daquilo que se deve fazer e não dos seus efeitos.
Privilegiam-se acções altruístas pois há um sentimento de bondade em relação às gerações futuras, somos todos responsáveis pela preservação da vida e do meio ambiente.
Hans Jonas sustenta que a sobrevivência humana depende de nossos esforços para cuidar de nosso planeta e do seu futuro. E é esta nova óptica de responsabilidade que deve também guiar a maneira como vemos o meio ambiente, cientes da sua perenidade e reconhecendo que desconhecemos o efeito que as tecnologias de hoje terão amanhã, ampliando assim o Princípio da precaução/ prevenção.

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