terça-feira, 17 de maio de 2011

Preocupação aumentou entre portugueses

Lisboa, 17 mar (Lusa)

As preocupações dos portugueses com o ambiente têm aumentado nos últimos 10 anos e estão presentes em mais de 90% da população, principalmente jovens e escolarizados, estando a atenção mais focada na poluição e na escassez de água.
O último inquérito EVS (European Values Study) realizado, em Portugal, pelo Instituto de Ciências Sociais (USC) da Universidade de Lisboa, que hoje é debatido na Gulbenkian, em Lisboa, revela também que a problemática das alterações climáticas passou a fazer parte das inquietações, à medida que aumenta a presença deste tema nas notícias internacionais.

Este texto da agência Lusa foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.




Hoje em dia assistimos a uma generalização da consciência ecológica, aliada a um desenvolvimento das ciências e politicas do ambiente. Mas a existência de uma nova atitude por parte das entidades políticas e administrativas não basta. Ou seja, não basta existirem ministérios, entidades reguladoras, leis e regulamentos que tenham por objecto a defesa ambiental; é tão ou mais importante quanto isto a valorização da dimensão individual da protecção do ambiente. Esta valorização pode ser atingida através da sensibilização dos cidadãos para as questões ambientais: a escassez de recursos, a par da deterioração dos bens ambientais torna os problemas ecológicos extensíveis a todas as camadas da população, sendo a defesa desses bens um verdadeiro dever cívico.
Para reforçar o carácter cívico da tarefa de defesa do ambiente, há ainda duas considerações a tecer:
- de acordo com as teorias antropocêntricas de defesa do ambiente, esta deve ser regulada pelo Direito, servindo o ordenamento jurídico não só para resolver problemas específicos que possam surgir, mas principalmente para conformar a realidade ambiental. Portanto, temos de nos centrar no tema dos problemas do ambiente, tendo sempre em conta uma dupla vertente: além de ser um problema da sociedade, teremos de encarar também a questão como um problema relativo aos direitos do Homem;
- de um ponto de vista subjectivo, a defesa do ambiente insere-se na defesa dos direitos do Homem (tanto mais porque o direito ao ambiente é um direito fundamental constitucionalmente consagrado no art. 66º da CRP). O Homem, ao mesmo tempo que necessita do ambiente, também nele se insere, tratando-se de um todo comum. O que torna consequente a afirmação de que para defender o Homem e a sua dignidade, é necessário defender o ambiente.
O que se pode concluir no seguimento desta vertente teórica, é que o ambiente é tanto um problema individual como social.
Nos tempos modernos, várias são as ameaças ambientais existentes a nível mundial: o desenvolvimento tecnológico e seus efeitos nefastos, a escassez de recursos não renováveis, as alterações climáticas, a ocorrência relativamente frequente de desastres ambientais com largo impacto, etc. Apesar da existência destas situações não ser em si mesma positiva, há que salientar que todos estes problemas são de amplo conhecimento público, sendo exactamente aí que se nota o desenvolvimento da consciencialização social da necessidade de defesa do meio ambiente, como sendo a própria defesa da vida humana. E vários são os meios que auxiliam este progressivo desenvolvimento:
- a comunicação social, que tem hoje um lugar privilegiado na linha da frente de chamada à atenção da opinião publica, alertando-a e sensibilizando-a;
- a crescente actuação politica e administrativa ao nível da legislação e acção ambiental, o que traz ao lume da discussão pública e da fiscalização por parte dos cidadãos o crescente numero de questões ecológicas reguladas;
- as novas tecnologias, especialmente os meios de comunicação, na medida em que permitem que as preocupações ambientais, a critica e a promoção da defesa do ambiente cheguem rápida e directamente a um elevado numero de pessoas simultaneamente e à escala mundial, através da acção quer de cidadãos, de entidades publicas ou privadas, de grupos ambientais, etc.
O inquérito que se analisa na notícia colocada em cima revela exactamente esta situação. Há que saldar com o positiva a actuação tanto das entidades políticas, como das entidades de comunicação. Estando à vista de todos a importância crescente que os problemas ambientais vêm assumindo, tanto nos meios políticos como de comunicação, entendem-se os resultados a que chegou este inquérito, segundo o qual as preocupações ambientais são extensíveis a quase toda a população portuguesa. Obviamente, esta maior consciencialização não basta para considerarmos que já atingimos um patamar óptimo na luta pela defesa do ambiente; mas, como atrás se afirmou, esta maior sensibilização das pessoas, aliada à crescente actuação politico-administrativa de cariz ambiental, poderá vir a tornar bastante mais eficazes as politicas ambientais seguidas no nosso país, devendo ser este o rumo a seguir na tutela do ambiente.

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